Minicursos



Minicursos

1. Cinema: repetição e criação

Resumo: 
O Minicurso consiste em uma discussão sobre o já clássico texto de Walter Benjamin: “A Obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. Além da interpretação do pensamento do Filósofo alemão, procuraremos apontar alternativas criadas a partir do próprio cinema contra a “redução da obra de arte” e que se apresenta na figura do “cinema de autor”.

Ministrante: Hélio Ázara de Oliveira (UFCG)
É professor de Filosofia na Universidade Federal de Campina Grande. É doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas e possui graduação e mestrado em Filosofia pela mesma universidade. Sua linha de pesquisa relaciona-se com a temática da filosofia alemã moderna com ênfase na relação Hegel - Marx.

2. História, tempo e espírito em Hegel - à sombra de Agostinho.

Resumo:
Karl Jaspers (1883-1969) afirma que “Agostinho pensa perguntando”, e podemos supor, daí, que quem pensa perguntando não têm a pretensão da verdade. É um modo filosófico de pensar, e é também, em Agostinho de Hipona (354-430), um equívoco. Não é que ele “possua a verdade”, mas a Verdade o possui, deve possuí-lo para que ele, enfim, possa reconhece-la – se é que pode. É a tese do De Magistro (389), recorrente em obras como De Trinitate (399-419), em que o Hiponense se propõe argumentar não somente com base na autoridade da Escritura, mas também na da razão, para que os “gárrulas raciocinadores” possam ouvi-lo a partir de algo mais que a fé, somente. No De Civitate Dei (413-27) duas autoridades são destacadas, mais que em confronto, em um paralelo que cumpre um propósito comum (e metodológico): revelar a pré-sença de Deus na História, como o Espírito a percorre-la. É uma nova perspectiva que marcará não somente a cristandade – por sua enorme influência na História ocidental –, mas modificará a própria História do Ocidente, como constatará Georg W. F. Hegel (1770-1831) em suas Vorlesungen über die Philosophie der Weltgeschichte, de 1837; principalmente quando, na Terceira parte, trata sobre o mundo romano e o cristianismo. Não seria ousado afirmar que a Filosofia da História tem em Agostinho seu precursor. Como é dito por Hegel, “o elemento de interioridade que faltou aos gregos encontramos nos romanos”, e “esse novo princípio é o eixo sobre o qual gira a história universal. Até aqui, e a partir daqui [da interpretação cristã da História], desenvolve-se a história.” Além desse “elemento de interioridade”, também faltou aos gregos uma teleologia histórico-escatológica, e também isso é uma novidade que o Hiponense fará valer. “A função do conceito de progresso”, Gérard Bensussan afirma, “pode ser interpretada com a secularização do lugar da redenção. Classicamente, Adorno vê em Santo Agostinho de forma precisa a origem religiosa de todas as filosofias da história. O autor das Confissões teria na inauguração substituído a promessa de uma redenção messiânica à doutrina pagã do eterno retorno do mesmo nos ciclos naturais.”

Ministrante: Antônio Patativa de Sales  (EST/IEPG)
É graduado em Filosofia (UFPB), Mestre em História da Filosofia (UFPB) e Doutor em Teologia, na área de Filosofia da Religião (EST/IEPG). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Antiga, Patrística e Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Filosofia, Filosofia da Religião, Metafísica, Filosofia Antiga e Patrística. É doutorando em Filosofia, pela UFPB, na área de Metafísica.

3. História da Filosofia da Arte.

Resumo:
O propósito deste minicurso é apenas introduzir não à história da arte, nem à filosofia da arte, mas à história da filosofia da arte. Nossa primeira intenção é amostrar que o objeto “arte”, “beleza” ou “obra de arte” pressupõe um modo de defini-lo, um critério que separa entre a diversidade das produções humanas uma fronteira entre o que é arte e o que não é arte. Mas essa inseparabilidade entre a percepção da arte e o pensamento da arte supõe também uma historicidade do conceito. Pois, por exemplo, a palavra “arte”, em singular, é uma invenção recente, que data dos séculos XVIII e XIX. Nessa perspectiva que se pode chamar de “nominalista” ou historicista, vamos seguir especialmente as pesquisas recentes de Jacques Rancière. Rancière tem tentado pensar a arte sob uma perspectiva não teleológica, segundo diferentes regimes paradigmáticos que, em diferentes momentos históricos, têm definido o que é arte e qual é o papel da arte, que têm oferecido diferentes critérios para separar a arte da não-arte, e que têm pensado diferentemente sua incidência no mundo comum. Esses regimes de identificação da arte são fundamentalmente três: um regime ético das imagens (associado à obra de Platão), um regime poético ou representativo da arte (cujo momento teórico principal é a Poética de Aristóteles), e um regime estético (pensado especialmente na configuração pós-kantiana). Tentaremos expor no mini-curso os grandes traços de cada regime, fazendo atenção especialmente às implicações políticas de cada conceptualização da arte.

Bibliografia:

RANCIÈRE, Jacques (2000). Estética e Política. A Partilha do Sensível. Dafne, Porto, 2010.

ARISTÓTELES, (IV a.C.). Poética. Nova Cultural, São Paulo, 1999.

SCHILLER, Friedrich (1795). A educação estética do homem: numa série de cartas. Iluminuras, São Paulo, 2013.

Ministrante: Jordi Carmona Hurtado (UFCG)
Possui doutorado internacional em Filosofia, com uma tese sobre a obra de Hannah Arendt - Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis e Universidad Autónoma de Madri (2012). Tem experiência na área de Filosofia, Estética e Ciência Política, com ênfase em Pensamento Político e Estético Contemporâneo. Pesquisador de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bolsista do programa PNPD CAPES, de setembro 2013 a julho 2014. Desde agosto de 2014, professor de Filosofia Moderna, com ênfase em estética, na Universidade Federal de Campina Grande, PB.

4. Emmanuel Lévinas: a questão do humanismo como acolhimento ético.

Resumo:
O presente minicurso tem como objetivo introduzir os principais aspectos da filosofia de Emmanuel Lévinas, tendo em vista discutir suas reverberações conceituais quanto ao problema do humanismo e a crise da ética. As análises empreendidas, pelo filósofo lituano, buscam construir uma nova concepção para o humanismo como o humanismo do outro homem, numa perspectiva ética que diverge da concepção histórica do humanismo renascentista, cuja interpretação está fundada na centralidade do sujeito.  

REFERÊNCIAS

LÉVINAS, E. Ética e Infinito. Diálogo com P. Nemo. Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 1982. 

__________. Totalidade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 1988. 

__________. Totalité et infini: Essai sur l’extériorité. 13 Ed. Paris: Librairie Générale Française, 2010. 

__________. Humanismo do outro homem. Trad. Pergentino S. Pivatto. Petrópolis: Vozes: 1993. 

__________. Entre nós. Ensaio sobre a alteridade. Tradução de Pergentino Stefano Pivatto. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2004. 

KRISTELLER, Paul Oskar. Humanism. In.: SCHMITT, Charles; SKINNER, Quentin. The Cambridge History of Renaissance Philosophy. Cambridge: CUP, 2008. 

SUSIN, L. C. O Homem Messiânico: uma introdução ao pensamento de E. Lévinas. Petrópolis: Vozes, 1984.

Ministrante: Valdezia Izidorio Agripino (UFPB)
Mestra em Filosofia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Especialista em História e Ensino de Filosofia – FIP. Graduanda em História pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Professora de Filosofia da Educação Básica 3 do Estado da Paraíba 

5. Heidegger e a fenomenologia.

Resumo:
Nas primeiras décadas do século XX, na Alemanha, têm-se produzido alguns acontecimentos intelectuais que transformaram os modos de pensar e de perceber na prática filosófica contemporânea. Entre as pesquisas de Edmund Husserl, ao redor de alguns problemas de fundamentação da matemática, e a obra do seu discípulo talentoso Martin Heidegger, a filosofia descobriu algumas formas inéditas de interrogação que ainda hoje definem muitas das suas aventuras: a análise fenomenológica, a preocupação existencial, a recuperação das veneráveis perguntas ontológicas, ou mesmo os diferentes ensaios de um pensar poético pós-metafísico.  A finalidade deste mini-curso é apenas a de apresentar alguns dos atos intelectuais que, entre Husserl e Heidegger, têm possibilitado uma renovação importante da filosofia. Em Husserl: contra a teoria do conhecimento, a tentativa de “ir às coisas mesmas”; em lugar de uma teoria da explicação, uma prática da descrição; contra as sublimações da filosofia da cultura, uma abordagem “selvagem” do mundo, se nenhum pressuposto ou tese; a descoberta, sob o mundo conceptual, do mundo ante-teórico da vida, que é a origem mesma da esfera das mediações. Em Heidegger: a reformulação ontológica da intuição categorial husserliana; a descoberta da analítica do existente ou do Dasein; a análise existencial das crises metafísicas ou situações-limite (aborrecimento, angústia, morte). Para a apresentação desses elementos, vamos seguir a recomendação de Merleau-Ponty, segundo a qual o movimento fenomenológico e suas consequências não pode separar-se do esforço mais geral do pensamento moderno, presente igualmente em outras pesquisas excêntricas à filosofia oficial como as do romancista Marcel Proust ou as do pintor Paul Cézanne.

Bibliografia

HEIDEGGER, Martin (1927). Ser e tempo. Vozes, Petrópolis-RJ, 2012.

LYOTARD, Jean-François (1954). A fenomenologia. Edições 70, Lisboa, 2008.

MERLEAU-PONTY (1945). Fenomenologia da percepção. Martins Fontes, São Paulo, 2011.

Ministrante: Jordi Carmona Hurtado (UFCG)
(idem 3).

6. Lógica e Filosofia Analítica.

Resumo:
O objetivo do minicurso “Lógica e Filosofia Analítica” é fornecer ao aluno os conceitos básicos para compreender as nuanças por trás desta que é uma das mais influentes correntes filosóficas contemporâneas: a Filosofia Analítica. Além de nos debruçarmos sobre alguns aspectos históricos e conceituais da filosofia analítica, também falaremos sobre o papel que a lógica moderna desempenha nessa tradição e quais conceitos básicos de lógica são necessários para compreender de forma mínima as contribuições dadas pelos filósofos analíticos.

Ministrante: Ricardo de Sousa Silvestre ( UFCG) 
Possui doutorado em Filosofia pela University of Montreal, Canadá (2005), mestrado (1998) e graduação (1995) em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande e membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência nas áreas de Lógica e Filosofia Analítica, com ênfase em Lógica Filosófica, Filosofia da Religião e Filosofia Indiana.